segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Facebook: Síntese

Chegou-se a um ponto em que os sistemas de ensino não devem ignorar as possibilidades de aprendizagem que os recursos da web2 proporcionam. Ao sustentar-se esta opinião, é claro que ela não significa que se pretende reformular por completo o sistema de ensino oficial (formal) e que as aulas passem a ser feitas em exclusivo através de computadores e das redes sociais. No entanto, há que ter em conta que os sistemas de ensino não podem ficar estanques e devem evoluir a par com a sociedade em geral. A evolução acontece quando se interligam as ferramentas, os recursos, as metodologias, se recriam os contextos, tornando-se os professores um recurso efectivo para as aprendizagens como orientador das mesmas, em vez do ultrapassado retransmissor de conceitos.

Se pode haver uma ideia negativa no uso do Facebook para o ensino formal, é porque muita gente no meio académico pensa neste novo recurso apenas em função de algumas das suas facetas: a comunicação fútil, o entretenimento e a aprendizagem informal. Esta ideia restritiva provém da lógica industrial dominante no ensino, que estabelece rigidamente as “tarefas” que os estudantes deverão executar para chegar aos “produtos” estabelecidos como “objectivos” ou “metas” a atingir. Fora da via padrão, tudo será considerado desviante e pernicioso. Nesta perspectiva, por exemplo, o relacionamento entre os professores e os estudantes não deverá ser demasiado afectuoso, porque se não for salvaguarda a distância, o professor pode perder a independência indispensável ao exercício da sua actividade de julgamento na avaliação, supostamente imparcial e objectiva.

“As sociedades têm sempre sido redesenhadas mais pelas características dos meios de comunicação utilizados pelos homens que pelo conteúdo da comunicação”, disse Marshall McLuan, e a verdade é que a introdução das tecnologias da informação e da comunicação na educação está a alterar mais o ensino do que qualquer corrente pedagógica. Com efeito, se são os utilizadores que definem o tipo de comunicação que se fazem, também deve reconhecer-se que o Facebook cria uma atmosfera mais propícia às relações informais que à educação formal.

Abundam na Internet as listas de recursos do Facebook para a Aprendizagem Social.

A definição de uma metodologia para o uso de um recurso é fundamental para a sua eficácia. Partindo da página do Centre for Learning & Performance Technologies, sugerimos a utilização do Facebook em interligação com as aulas tradicionais. Eis a nossa adaptação:

1- Antes da aula
• o professor introduz o tema e os conteúdos a serem tratados
• os alunos podem submeter questões prévias
2- Durante a aula (pressupõe a permissão para o uso de computadores na aula e acesso à internet)
• os alunos podem escrever comentários em função do que é feito e dito na aula
3- Actividades após a aula
• podem ser colocadas notas dirigidas aos alunos que não frequentaram a aula
• continuação do debate
• respostas a novas questões
• partilhar ligações para outros recursos na web que sejam relevantes para a matéria em estudo
• troca de experiências
• relembrar/actualizar datas de testes, de trabalhos, reuniões ou outras actividades

Muitas vezes o argumento utilizado para se propor a utilização do Facebook em vez de sistemas LMS como Moodle baseia-se simplesmente no facto de o Facebook já ser conhecido por toda a gente. Recursos semelhantes para controlo das actividades realizadas pelos alunos, o Facebook não tem.

A escola não pode ignorar a web2, mas o Facebook não pode ser catapultado para ferramenta pedagógica só em razão da sua popularidade. O seu principal recurso somos nós! Educar é indicar aos jovens critérios que lhes permitam distinguir o útil do fútil, o certo do errado, as modas passageiras das alterações estruturais…

É evidente que a imagem acima prejudicou a  leitura do post, e não deveria cá estar. Pretendia apenas chamar a atenção para o excesso de elementos distractivos do Facebook, para que possa ser utilizado como recurso educativo.

Escrito com Jorge Lousada

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