segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Facebook: O recurso somos nós!

Um dos temas de Hiperespaços coloca exactamente a questão: A máquina somos nós? E um dos vídeos fornecidos para reflexão responde afirmativamente, Web 2.0 - A máquina somos nós:


Mas como professores, quando analisamos os recursos do Facebook, a primeira coisa que fazemos é esquecermo-nos do professor enquanto recurso, e observamos apenas os seus aspectos técnicos.

Utilizando uma expressão que aprendi com Ernâni Lopes, “é uma perspectiva que compreendo mas não perfilho”.

Quando aos recursos do Facebook na educação ainda ninguém demonstrou a sua real mais-valia, e dos que conheço, todos funcionam mais rapidamente fora do Facebook. É mais fácil e mais rápido trocar mensagens por mail ou em listas de mail (recomendo os YahooGroups) que escrever naquelas caixinhas. Partilhar documentos pelo Google Docs os pelo Google Sites também é bastante mais rápido que pelo Facebook. O Picasa e Flickr permitem observar melhor as fotos que o Facebook. A organização dos conteúdos é muito mais simples de ordenar num site ou numa tag cloud de um blogue que no Facebook.

Não se depreenda que eu seja contra a utilização do Facebook, mas não sou cretino ao ponto de recomendar a utilização do Facebook em sala de aula só para ter boa classificação em Hiperespaços, e simultaneamente criar uma conta “escolar” para “trabalhar” com os alunos, paralelamente a uma conta “pessoal” para conversar com os “amigos”, tal como alguns colegas que abriram novas contas só para esta tarefa.

Especialmente para estes colegas gostaria de indicar um recurso do Facebook que lhes permite acrescentar alunos, colegas, etc. na conta real do Facebook, mas limitar as suas possibilidades de visionamento do perfil a determinadas áreas, através da criação de listas, sem os próprios chegarem a aperceber-se que lhe estão a ser impostos determinadas limitações.

E chego ao ponto: Para quê usar o Facebook com os alunos se depois nos vamos esconder deles?

Gostaria de observar que essa “teoria das duas contas” (a pessoal e a escolar) tem muitos defensores na pedagogia e na Internet. Uma excelente lista que indica o que os professores devem fazer e o que não devem fazer no Facebook, encontra-se aqui, legitimando esta teoria com a lógica da justificação industrial.

Esta visão de encarar o professor, que obriga a utilizar uma foto “profissional” no perfil, não o mostrar a fazer a compras, dissociá-lo da sua família, etc. corresponde à visão industrial do professor como máquina que transforma a matéria-prima (alunos no início do ano) em produto acabado (alunos no final), cujo paradigma de avaliação é o exame anónimo, igual para todos.

Utilizar as tecnologias e o Facebook com alunos obriga os professores a um mínimo de humanidade, e como até devem constituir-se como referências que os jovens possam seguir, não podem, do meu ponto de vista, esconder-se atrás de qualquer avatar. Pela minha parte, nunca me senti constrangido pela sua presença, porque se tenho imagens que eles não podem ver, então não estão lá porque também são impróprias para os “amigos”.

O recurso somos nós! Portanto para utilizar o Facebook na educação requer-se antes de tudo que os professores tenham uma atitude favorável à ferramenta, gastando tempo suficiente para conhecer as suas características e limitações.

Depois precisam de reconhecer que a “sociedade da informação” é sobretudo a sociedade do conhecimento em rede, e que têm muita vantagem em contactar antigos colegas, antigos professores, amigos de colegas, etc. - ver Guia do Mashable - assim como alguns dos seus alunos poderão estar interessados em manter o contacto consigo, mas não com o seu avatar!

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