- Qual é a ferramenta mais importante/interessante no contexto educativo?
Às vezes até simplificam perguntando qual é a melhor. Aí a minha resposta é que existe uma enorme lista de ferramentas boas, sendo melhores aquelas que nos forem mais familiares, e para evitar indicar uma ferramenta, costumo sugerir a Top 100 Tools for Learning 2010 List que resulta de uma escolha amplamente participada na Internet, onde cada um pode indicar as três que utiliza mais frequentemente.
Por exemplo, quando se pede aos alunos que discutam se é abusivo falar-se da “Sociedade do Telemóvel” - por oposição à “Sociedade da Informação” - é irrelevante para o tema que utilizem um blogue, uma wiki, produzam um podcast ou um vídeo. O mais provável é preferirem responder no Word, só porque é o que dominam. A forma como respondem depende do seu estádio na arte das TIC, e isto também se aplica à construção de materiais pelos professores.
A aprendizagem no virtual não combina bem a educação formal, podendo até tornar-se particularmente dura. Já imaginaram o horror de um professor a aplicar os critérios de um funcionário das finanças? No caso de uma declaração de IRS submetida no 1º minuto do dia seguinte ao último dia do prazo, paga-se multa! Qual é o professor que fecha o Moodle no prazo fixado? E que humanidade teria?
A aprendizagem no virtual abrange todas as possibilidades de comunicação no decurso da vida do indivíduo, constituindo um processo permanente e não organizado (educação informal) e também se ajusta a uma educação semelhante à formal nos objectivos e conteúdos, mas que permita a cada grupo de estudantes seguir ao seu ritmo (educação não formal).
Imaginar um hiperespaço de aprendizagem com os recursos da Web 2.0 é uma das actividades que proponho aos meus alunos, mas com outro nome. Peço-lhes que critiquem o seu Ambiente Personalizado de Aprendizagem, porque já sei que é pobre.
No hiperespaço todas as ferramentas se ligam facilmente por links, pelo que não vejo nenhuma vantagem em seleccionar apenas uma ferramenta.
A ferramenta que dá uma aparência mais formal à educação, sem dúvida que é o Moodle, mas não deve ser utilizada com muita frequência porque me parece demasiado cansativa e castradora da criatividade. Preferencialmente os textos poderão ser escritos em blogues, e os ficheiros que se queiram associar ao blogue podem ser alojados no Google Sites.
Na aprendizagem não formal e na informal pode haver vantagem em escrever os textos em grupo, tarefa facilitada pelas wikis ou pelo Google Docs.
Os blogues parecem-me de interesse incontornável para todos os alunos, mas a escolha das restantes ferramentas também dependerá dos contextos. Por exemplo, em línguas, os alunos têm interesse em podcasts e vídeo para actividades de storytelling, mas em Economia parece-me mais importante importar os dados dos sites, construir gráficos no Excel e posteriormente publicar e comentar os mesmos num blogue.
Para descrever melhor o hiperespaço de aprendizagem com um dos recursos da web 2.0 seria preciso contextualizar a situação, o que vai para além do que se pretende nesta tarefa.
- Olá José.
Começas por lançar uma pista importante: os recursos mais eficientes são aqueles que melhor dominamos. É por isso que devemos ter todo o interesse em alargarmos os nossos conhecimentos de utilização para as várias ferramentas disponíveis na Web 2 e, desse modo, alargamos as hipóteses de acção em termos de partilha e de aprendizagem. E dou o meu próprio exemplo, porque só há muito pouco tempo é que comecei a utilizar o Facebook, como meio de divulgação e de comunicação para um grupo de acção cívica a que pertenço. Até agora, apenas tenho utilizado os blogues e o Moodle como complemento ao ensino formal da Geometria Descritiva e ainda tenho muitos outros recursos por explorar pela minha frente.
Para além do domínio na utilização, reforço o que também já foi referido noutras mensagens: todos os recursos são interessantes e todos têm potencialidades na construção de um percurso de ensino-aprendizagem. No entanto, não basta afirmar que os recursos são muito bons e que permitem fazer isto ou aquilo. Os recursos são bons se, conhecendo as suas características, soubermos associar essas características aos objectivos de aprendizagem que pretendemos e, assim, tirarmos partido do que os recursos nos oferecem. É por isso que é fundamental a construção de novas abordagens metodológicas na Era Digital, como o Conectivismo divulgado por George Siemens.
Acima de tudo, precisamos de ser criativos. Os recursos da web e a multimédia têm muito espectáculo, que deslumbram, mas têm que ter conteúdo. Se retirarmos o espectáculo e ficarmos sem nada, não há aprendizagem e não há construção do conhecimento, ou seja, ficamos deslumbrados mas continuamos "burros".
A criatividade permite-nos explorar as características de um recurso em termos de aprendizagem (mesmo que seja formal) e de conseguirmos competir com a utilização desses recursos na esfera privada, que tendem a viciar-nos no lazer, no entretenimento e na comunicação fútil.
Partimos do princípio de que todos os recursos são interessantes, dependendo da utilização de que fazemos deles. Todavia, devemos ter em conta que os recursos podem ter mais ou menos adaptabilidade a um determinado tipo de aprendizagem. Por exemplo, o Facebook tem características que se adaptam a uma aprendizagem informal, enquanto que o Moodle é uma plataforma já largamente usada na aprendizagem formal.
Acrescento aqui alguns factores que podem ser importantes na escolha de um recurso da web 2:
- a publicidade a que podemos estar expostos;
- o aparecimento de mensagens inoportunas;
- o controlo a que podemos estar sujeitos, mesmo sem o sabermos.
Quanto à publicidade, o ideal, é que não haja. No entanto, reconheço que alguns recursos têm hipóteses de nos oferecerem algo de útil porque têm um suporte comercial por trás, em forma de publicidade. Neste aspecto, o utilizador pode definir estratégias de utilização da web e, com algum treino, ficar imune à publicidade, ou seja, saber focar aquilo que interessa.
Por sua vez, as mensagens inoportunas são uma constante nos recursos mais vocacionados para a sociabilidade. Referi que comecei a utilizar recentemente o Facebook numa situação de divulgação e comunicação sobre um determinado assunto e uma das vertentes deste ambiente que causa ruído, é a enorme quantidade de mensagens fúteis que aparecem no mural, como alguém a enviar vacas da Farmville, ou a informação de que um amigo mudou a fotografia de perfil porque tem um penteado novo. Pode ser desconhecimento, mas talvez haja forma de configurar alguns filtros que evitem mensagens fora de um contexto definido.
O aspecto do controlo é particularmente importante porque nos pode remeter para situações que não desejamos. Por um lado, esse controlo pode evitar os ruídos e as mensagens indesejáveis, o que pode ser útil num ambiente aberto, mas, por outro lado, o controlo pode restringir a livre circulação da informação e atentar à liberdade de escolha.
Como o José Neto referiu, na web, todas as ferramentas podem estar ligadas entre si, pelo que pode ser restritivo se apenas nos focarmos numa dessas ferramentas.
Concebo um hiperespaço de aprendizagem precisamente pela abrangência e diversidade de recursos que possui juntamente com a enorme quantidade de pessoas que circulam nesse espaço virtual.
Assim, o hiperespaço de aprendizagem que imagino corresponde a um plano que nos define como e por onde devemos andar na web, utilizando recursos diversificados, em função de um determinado objectivo de aprendizagem.
Pode haver um recurso base, que se estabelece como plataforma de partida e de gerenciamento, como por exemplo uma Wiki, mas essa plataforma deve dar ligações a outros recursos e outras plataformas, ligando entre si os nós do conhecimento. Ou seja, estou a referir-me ao conceito de Conectivismo divulgado por George Siemens.
Até logo.
Comentário de Jorge Delmar
Sem comentários:
Enviar um comentário