sábado, 12 de fevereiro de 2011

Comunidade Hiperespaços de Aprendizagem

1- Enquadramento teórico da Comunidade Hiperespaços de Aprendizagem (CHA)
Definições e fundamentações teóricas para justificar a nossa proposta sobre o grupo Hiperespaços de Aprendizagem, no Facebook, como comunidade de aprendizagem em ambiente virtual.

Conceitos fundamentais:
Comunidades virtuais
Inteligência colectiva
Comunidade de aprendizagem
Conectivismo
Honestidade, correspondência, pertinência, respeito, franqueza e autonomia

  • “Com o advento da Internet e das suas ferramentas de comunicação e interacção, o computador pessoal foi substituído pelo computador colectivo, interligado através de um sistema em rede”. (Melaré, PowerPoint, 7)
    Tirando partido dos saberes particulares de cada membro, as comunidades virtuais permitem o desenvolvimento da inteligência colectiva.

    Uma comunidade de aprendizagem será particularmente interessante se os seus membros a associarem a um e-portofolio com utilidade crescente ao longo das suas vidas. (Frank,2008:175)

No caso do grupo proposto, crê-se que a partilha de experiências comuns ao longo do MCEM contribuem para a formação de um espírito de pertença a um grupo restrito, com identidade e valores próprios que a CHA permitirá desenvolver de modo mais sistemático.
Cremos que se aplicam à CHA os princípios do conectivismo enunciados por Frank (2008:19) citando Siemens:
  • - Aprendizagem e conhecimento constroem-se na diversidade de opiniões;
    - A aprendizagem é um processo de conexão de nós especializados ou fontes de informações;
    - A capacidade para conhecer mais é mais crítica do que actualmente suposto;
    - Cultivar e manter conexões é necessário para facilitar a aprendizagem contínua;
    - A capacidade de ver conexões entre diferentes campos, ideias e conceitos é uma competência fundamental;
    - A tomada de decisões é em si um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é visto através de uma lente de mudança de realidade. Enquanto damos a resposta “certa” agora, ela pode mostrar-se “errada” amanhã devido a alterações no ambiente de informações em que a decisão foi tomada. Aprendemos com os nossos “erros” e com os dos outros.

    “Desde que não podemos experimentar tudo, as experiências de outras pessoas e portanto, outras pessoas, tornam-se o substituto para o conhecimento. «Eu guardo o meu conhecimento em meus amigos» é um axioma para juntar conhecimento juntando pessoas” (Kate Stepherson, não datado)

    A mobilidade dos aprendentes (por diferentes áreas), o crescente impacto da aprendizagem informal (não se limita à escola mas estende-se à comunidade e redes pessoais), a aprendizagem como processo contínuo levam a que “saber como” e o “saber o quê” sejam suplantados pelo “saber onde” – o conhecimento de onde se encontra o conhecimento de que se precisa.
    (http://maresta.wordpress.com/2007/02/27/conectivismo-%E2%80%93-uma-teoria-de-aprendizagem-para-a-idade-digital/)

Como todos já estão ligados ao Facebook, e a sua maioria até já pertencem à CHA, crê-se que é de óbvia utilidade para todos a dinamização deste grupo do Facebook como comunidade de aprendizagem.
Para que funcione como uma autêntica rede social de aprendizagem recordam-se as seis palavras-chave que Palloff e Pratt (1999) enfatizam para que se verifique a aprendizagem numa comunidade virtual: honestidade, correspondência, pertinência, respeito, franqueza e autonomia.
  • - Honestidade. Neste grupo ninguém precisa de evitar eventuais incómodos de alguns estudantes, pelo que não se perceberá a utilização de perfis “fantasma”. Só os perfis habitualmente utilizados poderão oferecer à CHA as feeds do respectivo Mural, proporcionando uma panorâmica das actividades de todos os membros;
    - Correspondência. Sabendo-se que uns terão um perfil mais dinâmico que outros, e mais facilmente proporão novas actividades. Também é certo que se os mais passivos não se esforçarem por ir indicando algo, se nem comentarem os posts dos colegas, o entusiasmo acabará por morrer mesmo entre os mais activos;
    - Pertinência. Sem que constitua qualquer espécie de censura, deverão ser tratados na CHA conteúdos relacionados com o Tema da comunidade;
    - Respeito, franqueza, autonomia, parecem termos demasiado óbvios para os definir no contexto da CHA, que pretende naturalmente ampliar a autonomia de cada um no seu espaço. Exactamente! Já somos todos autónomos, mas podemos adquirir maior autonomia ainda. É para isso que servem as aprendizagens do Mestrado a continuar na CHA.

2- Dinâmica da aprendizagem na CHA

  • L'enseigment doit d'abord se dire: "Comment vais-je intéresser cette classe?" et non "Que vais-je enseigner ce matin?" ROY, D. (1991)

Esta ideia remete-nos para um dos factores fundamentais num percurso de aprendizagem: a motivação do aprendente.
Temos a tentação em afirmar que será mesmo o factor mais importante e sustentar que, para um aprendente motivado, não importa qual é o método ou quais são os recursos utilizados. Porém, não podemos deixar de considerar que não é apenas a motivação que garante o processo de aprendizagem, pois uma metodologia bem concebida e a utilização adequada dos recursos podem optimizar a aprendizagem. Não só porque orientam o processo mas também porque aumentam a motivação do aprendente.
Todos os factores são importantes, interligando-se como um todo e, na prática, reflectem-se na dinâmica que se gera no seio da comunidade.
Transportanto estas ideias para a construção de uma comunidade de aprendizagem no Facebook e, com base nas nossas reflexões e nos textos de apoio, sintetizamos num esquema conceptual a nossa proposta, sequenciando as facetas teóricas, organizacionais e estratégicas, em interligação com as atitudes:


Havendo uma estrutura bem definida e estando garantidos os aspectos organizacionais e funcionais é necessário, de facto, gerar uma dinâmica na comunidade de forma a se galvanizar a motivação e a sinergia. Neste aspecto, poderíamos eventualmente apelar ao compromisso, à responsabilidade, à vontade de partilhar e de aprender ou, até, à obrigatoriedade em participar, no entanto, pensamos que a dinâmica é em grande parte gerada pelas estratégias que se definem.
A participação na comunidade CHA baseia-se na vontade de cada elemento em colaborar na construção colectiva do conhecimento, aproveitando-se as sinergias já criadas através deste Mestrado. Como referência, pode ficar estabelecido que cada elemento faça, pelo menos, uma participação voluntária mensal. Tendo em conta o número de elementos do grupo e somando todas as participações, garante-se que haja uma actividade mensal constante na plataforma.
No entanto, apesar da generosidade deste princípio, é necessário que se criem condições para se gerar uma dinâmica de grupo, que se pode conseguir seguindo estes procedimentos:
A. Orientar as participações segundo os vectores:
  • Criatividade - Sair da banalidade. Tentar fazer participações diferentes e originais;
    Novidade - Evitar a repetição de ideias e de informações. Estar atento ao que há de novo e partilhar essa informação;
    Desafio - Lançar ideias pertinentes que promovam a reflexão e o debate. Indicar pistas que estimulem a pesquisa e o aprofundamento de um tema.
B. Elaborar as participações em função destes tipos de actividades:
  • Académicas - Partilha de trabalhos e de recursos. Relato de experiências pedagógicas. Debate de ideias. Comentários críticos;
    Informativas - Divulgar eventos e inovações tecnológicas;
    Participativas - Participação de vários elementos em eventos online. Solidariedade com causas ligadas à educação. Conexão e colaboração com outras comunidades de aprendizagem. Intercâmbio online entre escolas;
    Lúdicas - Divulgação de informações e comunicações de âmbito geral. Promoção de encontros presenciais;
    Outras - Outras actividades que tomem como referência o "Universo das TIC e/ou o Mundo à sua volta".

3- Estrutura da CHA

Tema central
A comunicação educacional multimédia.

Finalidades
- Aproveitar a sinergia que se criou entre os membros do MCEM de 2010 para dar continuidade de uma forma estruturada ao processo de partilha, de colaboração e de debate de ideias, de modo a que se possa constituir como um percurso contínuo de aprendizagem informal;
- Estimular a capacidade crítica, aumentando a capacidade para reflectir sobre a própria rede de construção do conhecimento;
- Fomentar a conexão entre pares, criando ou incrementando o sentimento de pertença a uma comunidade virtual;
- Facilitar a transição de um grupo formal universitário para um grupo informal, mantendo a comunicação entre os membros;

Tópicos
- Partilha de respostas, trabalhos, recursos e de experiências pedagógicas;
- Debate de ideias;
- Divulgação de informações e de eventos;
- Criação e participação em actividades online;

Público-alvo
Mestrandos do MCEM 2010, alargado aos professores. No entanto, poderão aderir ao grupo personalidades de reconhecido mérito nos temas da CHA.

Gestão e moderação
Funções que todos os membros podem e devem desempenhar. Para as estratégias que visem o reforço da dinâmica do grupo, ficam inicialmente responsáveis José Neto e Jorge Delmar até Janeiro de 2012, momento em que se prevê a sua substituição por outra dupla igualmente pelo prazo de um ano, e assim sucessivamente.

Interfaces e recursos
O Grupo do Facebook é apenas uma plataforma centralizadora, podendo ser realmente utilizados todos os/as recursos/ferramentas disponíveis na Web, em função das actividades definidas nos tópicos.

Ciclo de existência
Sem final previsível.


Referências:
• LEGENDRE, Renald (2005) Dictionnaire actuel de l'éducation, Guérrin: Montréal.
• MASON, Robin & RENNIE, Frank (2008) E-Learning and Social Networking Handbook, New York: Routledge
• ORELLANA, Isabel (2005) L’émergence de la communauté d’apprentissage ou l’acte de recréer des relations dialogiques et dialectiques de transformation du rapport au milieu de vie, em http://www.fcaf.net/preserver/alire/2010/2005_orellana_isabel.pdf
• PALLOFF, Rena & PRATT, Keith (2005) The Role and Responsability of the Learner in the Online Classroom, em http://www.uwex.edu/disted/conference/Resource_library/proceedings/03_24.pdf
• PETTENATI, M. Chiara & CIGOGNINI, M. Elisabetta (2009) Designing e-tivities to increase learning-to-learn abilities, em http://www.elearningeuropa.info/files/media/media18509.pdf

Este post em formato PDF

Jorge Delmar e José Neto

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